quarta-feira, 16 de março de 2016

Porque meu filho precisa dormir cedo?

*Por: Marcela Otoni
De uns anos pra cá as crianças tem dormido cada vez mais tarde e cada vez menos. Basta conversar com os pais e a maioria irá dizer: meu filho só dorme depois das dez horas (alguns até mais de meia noite). Isso, particularmente, tem me preocupado bastante.
www.babycenter.com.br
No consultório, esse índice tem aumentado assustadoramente! Então, o que tenho observado é que dormir virou um problema. Um terror!

Quando questiono os pais porque os filhos dormem pouco ou dormem tarde, as respostas são quase sempre as mesmas: ele quer dormir somente quando vamos dormir; ele chora muito pra ir para cama; ele fica solicitando diversas coisas (água, ir ao banheiro, comer) quando o coloco para dormir; ele fica assistindo tv e se desligo fica bravo ou chorando; ele fica no celular ou no tablet; ele não tem sono ..... 
www.justrealmoms.com.br
Mas porque as crianças precisam dormir cedo e dormir muito? Porque é durante o sono que diversos hormônios e substâncias necessárias ao desenvolvimento físico e mental das pessoas agem.Também é o momento do cérebro processar tudo que aconteceu durante o dia e descansar (máquina que não desliga nunca, pifa!). Para isso ser feito, é preciso que o sono complete todos os seus ciclos. Se a criança dorme menos tempo ou tarde demais esses ciclos acontecem de forma incompleta.
E o que pode acontecer com essas crianças que tem dormido tão mal? Diversas pesquisas tem sido desenvolvidas e todas são unânimes em alguns pontos: 

  • existe maior risco de desenvolver problemas de desenvolvimento, comportamento ou emocionais;
  • podem ocorrer problemas escolares ou menor rendimento;
  • maior risco de obesidade;
  • hiperatividade, falta de atenção e concentração;
  • alimentam de maneira inadequada;
  • dentre outros.
Especialistas defendem (e eu concordo, vendo o resultado na prática do consultório) que crianças precisam ter horário e rotina para dormir e necessitam dormir cedo.
veja.abril.com.br
Então vamos para a parte prática, o que fazer? 
  • Diminuir o tempo de exposição à noite (depois das 18h) do seu filho à tv, celular, tablet, video game (equipamentos eletrônicos), que preferivelmente devem ficar fora do quarto à noite - estudos demonstram que as luzes emitidas por esses equipamentos não permitem que o cérebro perceba que é noite e "desligue", muitas vezes, é por isso que seu filho não tem sono ou demora pra conseguir pegar no sono;
  • O ideal é que no mínimo trinta minutos antes do horário de dormir, esses equipamentos estejam desligados;
  • Estabelecer um horário para dormir e acordar todos os dias - um dos pontos principais do estudo publicado pela Revista Pediatrics é que crianças sem horário para dormir bagunçam seu relógio biológico gerando graves consequências para o organismo. Esse horário varia de acordo com a idade do seu filho (ver tabela);
  • Brincar à noite com brincadeiras mais tranquilas;
  • Avisar seu filho quando estiver faltando 30 minutos para o horário de começar a se preparar para dormir;
  • Estabelecer uma rotina do sono (exemplo: tomar banho, escovar os dentes, colocar pijama, tomar água, dar boa noite, ler uma história e dormir) - isso permite que a criança e seu cérebro processem que está chegando a hora de dormir e comecem a relaxar;
  • Evitar alimentos muito pesados próximo ao horário de dormir;
  • A criança deve dormir em sua cama, ter seu espaço, um lugar confortável e adequado para dormir (cama dos pais é uma delícia, mas não deve ser lugar para dormir todos os dias);
  • Reduzir os ruídos da casa à noite, pode ajudar.
Se seu filho dorme mal ou tarde, ainda há tempo para consertar. Diversos problemas apresentados pelo seu filho podem ser resolvidos melhorando sua quantidade e qualidade do sono.
Se depois de tudo organizado seu filho ainda continua dormindo mal, é interessante buscar ajuda de um pediatra, hebiatra ou psicólogo. Algumas avaliações devem ser feitas para resolver essa questão. Mas, fique atento, quanto antes resolver isso, melhor!
Lembre-se, tudo novo é difícil, custoso e demora. Estabelecer uma nova rotina e regras requer paciência e persistência. Isso é SAÚDE para seu filho.

*Marcela Otoni: Psicóloga, mestre, especialista em psicanálise infantil e do adolescente, casal e família.
Tel: 33 32711572
Consultório: Rua Marechal Floriano, n°600 sala 101 - Centro - Ed. Monte Negro - Governador Valadres/MG

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Série DA: continuação - nutrologia e outros transtornos alimentares


Por: Dra. Marcela Tanus Gontijo* 

Desordem de ingestão de alimentos esquiva / restritiva

A prevalência desta desordem alimentar é de aproximadamente 5 a 15%. O início da doença ocorre geralmente na infância e pode persistir na idade adulta. As características clínicas incluem: baixo peso, com um índice de massa corporal médio. Além disso, a densidade mineral óssea, é geralmente diminuída. O transtorno de ansiedade está presente em cerca de 50% desses pacientes.

O diagnóstico
http://jewishly61.rssing.com/chan-44643002/all_p1.html
DSM-5 da desordem de ingestão de alimentos esquiva / restritiva requer:
Evitar ou restringir a ingestão de alimentos, o que pode ser baseado em falta de interesse pelos  alimentos, pelas características sensoriais dos alimentos, ou uma resposta negativa associada a ingestão de alimentos (por exemplo, asfixia). O comportamento alimentar leva a uma incapacidade persistente para satisfazer as necessidades nutricionais e / ou de energia, que se manifesta por, pelo menos, um dos seguintes:
> perda de peso clinicamente significativa, ou em crianças, o crescimento reduzido, com falha em atingir o ganho de peso esperado
> Deficiência nutricional
> Necessidade de alimentação enteral ou suplementos nutricionais orais para fornecer a ingestão adequada
> a perturbação da alimentação não é devido à falta de alimentos disponíveis
> a perturbação não ocorre exclusivamente no decurso da anorexia nervosa e bulimia nervosa, e não há distorção da imagem
> o distúrbio não é devido a uma condição médica geral (por exemplo, doenças gastrointestinais, alergias alimentares, ou malignidade oculta) ou outro transtorno mental.

Transtorno de compulsão alimentar

http://vanessaroriz.blogspot.com.br
A idade média de aparecimento é de aproximadamente 23 anos. Pacientes com transtorno de compulsão alimentar geralmente sofrem outra psicopatologia associada e/ou risco de desenvolver uma doença crônica, como obesidade,  hipertensão arterial ou diabetes mellitus.

O diagnóstico DSM-5 de transtorno de compulsão alimentar requer cada um dos seguintes:
Os episódios de compulsão alimentar, definida como consumir uma quantidade de alimentos em um período limitado de tempo (por exemplo, duas horas) que é definitivamente maior do que o que a maioria das pessoas consumiria em um período de tempo semelhante em circunstâncias semelhantes.
Episódios de compulsão alimentar são marcados por pelo menos três dos seguintes procedimentos:
• Comer mais rapidamente do que o normal
• Comer até sentir desconfortavelmente cheio
• Comer grandes quantidades de alimentos quando não sentem fome
• Comer sozinho por causa do desconforto/vergonha pela quantidade de alimento consumido
• Sentimento com nojo de si mesmo, deprimido ou culpado depois de comer demais
● episódios ocorrem, em média, pelo menos uma vez por semana durante três meses
● Sem regularidade em comportamentos compensatórios inadequados (por exemplo, purga, jejum ou exercício excessivo) como são vistos na bulimia nervosa
● Compulsão alimentar não ocorre exclusivamente durante o curso da bulimia nervosa ou anorexia nervosa



A prevalência de compulsão alimentar, aumenta com o aumento de peso, entretanto, cerca de 50% dos pacientes com transtorno de compulsão alimentar são de peso normal.

*Dra. Marcela Tanus Gontijo – Clínica Médica/ Nutrologia– CRM-MG 52.721. 
Consultório: Rua sete de setembro, num 2716, sala 203 – MedicalCenter – Centro, Gov. Valadares/MG. 

Tel:(33) 3025-2522

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

Série DA: Anorexia - Nutrologia

Por: Dra. Marcela Gontijo*

Muitos aspectos culturais, incluem uma obsessão pela a perda de peso. As revistas femininas, muitas vezes incluem histórias sobre controle de peso, dieta, ou como aumentar grupos musculares específicos. Modelos e atores muitas vezes exibem um nível de magreza que é difícil de alcançar, programas de computador são usados para alterar fotografias, e alguns atletas implacavelmente perseguem um corpo mais magro para melhorar o desempenho. Essa preocupação com o corpo “ideal” associado ao padrão de beleza da atualidade, muitas vezes se estende aos adolescentes, transformando-se em doença.
http://www.afh.bio.br/digest/digest5.asp
Os transtornos alimentares são caracterizados por uma perturbação persistente da alimentação que prejudica a saúde e o funcionamento psicossocial do indivíduo. Os distúrbios incluem anorexia nervosa,  desordem da ingestão de alimentos esquiva / restritiva, transtorno de compulsão alimentar, bulimia nervosa, pica e transtorno de ruminação. Os diagnósticos são baseados em critérios da Associação Psiquiátrica Americana e Manual Estatístico de Transtornos Mentais, Quinta Edição (DSM-5).
Alguns questionários tem sido desenvolvidos, com objetivo de triagem para pacientes com possível transtorno alimentar, podemos destacar o questionário SCOFF, que inclui 5 perguntas diretas.
Não há consenso sobre as causas dos transtornos alimentares. Uma combinação de fatores genéticos, biológicos, psicológicos, familiares, ambientais e fatores sociais, provavelmente, contribuem para o desenvolvimento de um distúrbio alimentar.

Anorexia Nervosa

É um transtorno alimentar que faz com que as pessoas percam mais peso do que é saudável. Para perder peso, as pessoas comem muito pouco ou não comem, mesmo quando estão com fome, pensam que estão gordas, mesmo quando eles estão abaixo do peso e não entendem que o seu baixo peso corporal pode causar sérios problemas de saúde.
A anorexia nervosa tem uma prevalência estimada de 0,9% nas mulheres e de 0,3% nos homens. O diagnóstico requer cada um dos critérios listados na tabela abaixo.

De acordo com o DSM-5, o diagnóstico da anorexia nervosa requer cada um dos seguintes:
restrição da ingestão de energia que leva a um baixo peso corporal, pela idade do paciente, sexo, grau de desenvolvimento e saúde física
medo intenso de ganhar peso ou ficar gorda, ou o comportamento persistente que impede o ganho de peso, apesar de estar abaixo do peso
percepção distorcida do peso corporal e forma ou a negação de seu baixo peso corporal
*Amenorreia, no DSM-5 foi eliminada como critério

Não existe nenhum teste direto para diagnóstico de anorexia nervosa, mas o médico, através de uma anamnese detalhada e solicitação de alguns exames laboratoriais como exames de sangue, urina e eletrocardiograma, pode fazer este diagnóstico e programar o tratamento.
A anorexia nervosa pode levar a vários e sérios problemas de saúde, já que o corpo e o cérebro não recebem a nutrição que precisam. As complicações incluem problemas no cérebro, coração (atrofia do miocárdio, prolapso da válvula mitral, derrame pericárdico, bradicardia), pulmões, fígado, rim, e glândulas (amenorréia hipotalâmica funcional, problemas pré-natal e pós-parto), perda óssea (osteoporose), gastroparesia, fraqueza muscular, inchaço e problemas para ter evacuações (constipação), queda do cabelo e unhas quebradiças, sensação de frio constante e cansaço intenso. Além disso, pode coexistir, depressão, problemas com o sono, memória ou concentração, ansiedade, abuso de álcool ou drogas
http://saude.umcomo.com.br/articulo
O tratamento da anorexia nervosa envolve o acompanhamento das condições clínicas e exames laboratoriais, prescrição de medicamentos, acompanhamento visando o ganho ponderal, psicoterapia (com o paciente e familiares), portanto o ideal é o acompanhamento multidisciplinar com nutrólogo, psiquiatra, nutricionista e psicólogo.
Algumas pessoas podem ser tratadas em casa, mas outros precisam ser tratados no hospital,dependendo dos sintomas clínicos, peso e estado de saúde. O tratamento para a anorexia nervosa pode ser difícil e pode levar um longo tempo. A recuperação completa pode levar anos. Após o tratamento, muitas pessoas ficam curadas, mas as recaídas não são raras. Para evitar uma recaída, o plano terapêutico deve ser seguido rigorosamente, com acompanhamento regular  pela equipe assistente. 

*Dra. Marcela Tanus Gontijo – Clínica Médica/ Nutrologia– CRM-MG 52.721. 
Consultório: Rua sete de setembro, num 2716, sala 203 – MedicalCenter – Centro, Gov. Valadares/MG. 
Tel:(33) 3025-2522

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

Série DA: O que são os distúrbios alimentares!

Por: Marcela Otoni *

Distúrbios ou transtornos de conduta alimentar são um conjunto de doenças psíquicas causadas por uma relação adoecida com a comida, e muitas vezes, acompanhada de uma disfunção na autoimagem corporal (na maneira como a pessoa se vê, enxerga o seu corpo).
http://www.pdhpsicologia.com.br/disturbios-psicologicos-mais-comuns/transtornos-alimentares/
Nestes casos, a quantidade de alimento ingerida pela pessoa fica alterada, tanto pode ser uma pessoa que come excessivamente, quanto uma que restringe praticamente todos os alimentos e quantidades.
existem alguns tipos de transtornos alimentares: anorexia, bulimia, compulsão alimentar, ortorexia e vigorexia (nos pots seguintes falaremos de cada um deles).
A maior frequência de aparecimento destes distúrbios acontecem na adolescência ou em adultos jovens, principalmente do sexo feminino. Contudo, pode ocorrer também, com menor frequência, em crianças ou idosos e pessoas do sexo masculino.
As causas destes transtornos são várias: predisposição genética,  fatores biológicos, emocionais e culturais.        
http://www.lookfordiagnosis.com
Muitas vezes, o transtorno pode ter como fator desencadeante algum evento significativo: separações, perdas, doenças orgânicas, mudanças, depressão ou ansiedade.
A incidência destes tipos de distúrbios tem aumentado significativamente nas ultimas décadas, esse crescimento tem sido relacionado às questões culturais e à mídia. O culto ao corpo imposto pela sociedade atual, amplamente divulgada pelos meios de comunicação, faz com que as pessoas se sintam pressionadas a se encaixar num padrão estético extremamente restrito e que não respeita o perfil biológico da maioria da população. Para tanto, são divulgadas milhares de dietas, medicamentos e atividades físicas não direcionadas por profissionais, que prometem o tão desejado padrão de beleza num passe de mágica. Ao mesmo tempo, existem cada vez mais, alimentos hipercalóricos e porções cada vez maiores em fast-foods e supermercados. Os extremos estão na moda.
http://www.nutrilais.com/2011/06/transtornos-alimentares-compulsao.html

O tratamento para estes casos, requer uma equipe multidisciplinar (psicólogo, psiquiatra, nutricionista, nutrólogo, médico clínico geral, hebiatra ou pediatra) para se obter um bom resultado. Quanto mais cedo o diagnóstico for feito, mais chances de um tratamento eficaz e menores danos à saúde geral do indivíduo, já que o prognóstico não costuma ser muito bom. É fundamental trabalhar com a prevenção, identificando comportamentos e grupos de risco. Por isso, se você tem um adolescente em casa, ou um esportista (existe uma maior incidência de casos entre praticantes de esportes, principalmente profissionais), fique ligado nos sintomas e qualquer dúvida entre em contato com um profissional. Lembre-se quanto mais cedo o diagnóstico, melhor!


*Marcela Otoni: psicóloga, mestre, especialista em psicanálise infantil e do adolescente, com formação em psicanálise de casal e família.
Consultório: rua Marechal Floriano, n°600 sala 101 - Centro - Governador Valadares/MG
Tel:33 32711572


segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Série BICO: como a odontologia se posiciona: usar ou não - dentista


 Por: Dra. Janaina Gomes* 
O instinto de sucção ocorre de forma bastante intensa nos primeiros três meses de vida e tende a diminuir gradativamente a partir do sexto mês. Há basicamente dois tipos de sucção, uma com finalidade nutritiva e outra não nutritiva. A nutritiva fornece nutrientes essenciais para o crescimento, e a não nutritiva propicia uma sensação agradável de bem-estar e segurança. A sucção acontece muitas vezes para aliviar a tensão labial dos bebês, no entanto se essa necessidade não for aliviada durante a amamentação materna regular, o bebê pode desenvolver hábitos, como o de chupar o dedo e/ou bicos, mesmo depois de alimentados.
http://bebeatual.com/bebes-latex-ou-silicone_76
A inclusão dos bicos no enxoval do bebê é um costume fortemente arraigado em nossa sociedade. Ela geralmente é introduzida precocemente na vida da criança, oferecida desde a sua primeira semana de vida. Portanto, fica evidente a relação simbólica estabelecida entre a chupeta e a imagem do bebê, e entre a chupeta e a antecipação do conforto e tranqüilidade para mãe e filho.
Desta forma, existe a necessidade crescente de orientação multiprofissional e interdisciplinar das mães/gestantes quanto ao tipo adequado de chupeta e o momento apropriado de iniciar e descontinuar este hábito.
http://www.corposaun.com/uso-de-chupetas-por-bebes-brasileiros-reduz-em-nove-anos/1112/
Vários estudos têm evidenciado que a utilização dos bicos de forma não racional contribui para o desmame precoce, pois o bebê ao sugar na mama, adota um padrão de sucção diferente do padrão assumido com os bicos artificiais. Surge então o que se chama “confusão de bicos”, definida como a dificuldade de um lactante em conseguir um padrão de sucção correto para amamentar-se com êxito, após ter sido alimentado com mamadeira ou ter sido exposto a um bico artificial. Em alguns bebês, uma mamadeira recebida pode ser suficiente para confundi-los, enquanto que, para outros, várias mamadeiras serão necessárias para causar essa confusão. Não são bem conhecidos os mecanismos de como isto acontece com algumas crianças e com outras não.
A confusão de bicos acontece mais quando a amamentação não está bem estabelecida, principalmente nos primeiros dias de vida do recém-nascido. Procurando alternativas para impedir a ocorrência da confusão de bicos deve ser evitado o uso de bicos e mamadeiras até que o bebê esteja mamando com desenvoltura e segurança.
A recomendação do uso de bicos é um tema controverso em Odontologia. Vários estudos o retratam como o principal responsável por desequilíbrios na oclusão e nas funções da musculatura peribucal, como por exemplo, alterações na deglutição e posição de repouso da lingua, que podem culminar em problemas futuros na articulação temporo mandibular (ATM). Outros autores relatam que este tipo de sucção não-nutritiva prepara toda a musculatura bucal, notadamente a língua, os lábios e a mandíbula para a mastigação de alimentos mais consistentes.
O quanto estes hábitos irão afetar a criança dependerão de alguns fatores, tais como duração e freqüência de uso do bico, intensidade com que o mesmo é sugado, posição do bico na boca, idade de término do hábito, padrão de crescimento da criança e grau de tonicidade da musculatura peribucal.
O bico passa a ser um problema quando continua sendo usada depois dos três anos. Ele deve ser retirada gradualmente no período entre os dois e três anos de idade, a fim de se evitar interferências importantes nas estruturais bucais. A permanência pode desenvolver deformações ósseas e oclusais que levarão a criança à necessidade de tratamento ortodôntico.
http://osclubinhos.blogspot.com.br/
Quanto ao tipo de bico a ser empregado, recomenda-se o ortodôntico, porque possui formato mais próximo à forma do seio materno, fundamentado na semelhança do esforço muscular que produz quando comparado à amamentação natural. Seu formato anatômico se adapta ao palato e ajusta-se bem à língua, acompanhando o movimento de sucção.
A família deve ser orientada a não passar açúcar ou mel na chupeta. Esse procedimento pode desenvolver na criança uma associação de bem-estar apenas na presença de alimentos e bebidas doces, que podem ocasionar o surgimento precoce da obesidade e da cárie dental. 
Embora haja divergências entre profissionais sobre os efeitos do uso do bico, há um consenso na comunidade científica de que o uso de maneira racional não produz alterações indesejáveis significativas na oclusão e no desenvolvimento das estruturas ósseas relacionadas à cavidade bucal das crianças. A maneira racional esta relacionada ao uso limitado do bico, apenas para satisfazer a necessidade de sucção não nutritiva, evitando a permanecia do ato por longos períodos. Desta forma, a criança não ficará tão apegada ao habito de sucção não nutritiva, o que torna mais fácil sua remoção no momento apropriado.
Na verdade, o bico por se só não é o vilão, mas a desinformação sobre a forma correta de usá-lo, o momento oportuno de introduzi-lo e de removê-lo da vida da criança, é que o torna uma ameaça. A mãe que tem estas informações saberá usufruir o melhor que a sucção não nutritiva pode proporcionar ao seu bebê.

*Dra. Janaina Gomes: Cirurgiã-dentista, especialista em Odontopediatria, mestre e doutora em Ortodontia. 
Consultório: Avenida Minas Gerais, n°883 sala 7- Centro - Governador Valadares/MG - 32778575

terça-feira, 19 de janeiro de 2016

Serie BICO: usar ou não - enfermeira

Por: Yara Maria Diniz Figueiredo*

Durante nove meses toda mulher nutre, embala, alimenta seu filho e interage com ele, em seu ventre, vinte e quatro horas por dia. Uma ligação nutritiva e afetiva.
É chegada a hora do nascimento! O primeiro grande limite que o bebê vivencia é a separação da sua mãe, pessoa muito especial que o embalou carinhosamente.
Não há mais a nutrição via cordão umbilical!
http://www.bebe123.com.br/amamentacao/a-importancia-da-amamentacao-ainda-na-sala-de-parto.html
Inicia-se a fase oral. O bebê reconhece o mundo pela boca e é por isto que é tão importante que ao nascer toda criança seja colocada sobre a mãe, para uma religação afetiva e de reconhecimento de uma nova fase – terá que sugar para alimentar-se.
Na nossa cultura a maioria das pessoas enfatiza que as crianças choram por fome e por cólica. Como acalmá-las? Se,nesta fase, os bebês reconhecem o mundo pela boca e se a religação ou com a mama, ou com a mão ou com a chupeta é que o tranquiliza, o que fazer?
É muito polêmica a utilização da chupeta (bico) na nossa sociedade.O Ministério da Saúde atesta contra a sua utilização. Existem profissionais favoráveis e aqueles contrários ao uso da chupeta. Há ainda a questão cultural, embutida no seio familiar. Neste novelo de informações controversas estão os pais do bebê, cada vez mais inquietos e inseguros sem saber o caminho a seguir.
Bom, na fase oral a sucção e a sucção vazia são mecanismos associados à necessidade de satisfação afetiva e de segurança do bebê. Neste contexto, não sou favorável ao uso da chupeta, mas também não sou contra a sua utilização. Não vejo a questão como um dogma, ou uma diretriz absoluta.
Na realização do meu trabalho, cuido do ser humano, cuido de famílias, e é preciso ouvir as individualidades e necessidades para conhecer o comportamento do bebê e suas características.
Não existe criança igual.      
http://vidademaedani.blogspot.com.br/2010/06/amamentacao.html

Não existe sucção igual.
Não existe família igual.
Não existe comportamento igual e, portanto, as condutas não podem ser iguais, é preciso conhecer as histórias!!!
Temos muitas crianças que satisfazem suas necessidades de sucção apenas com o aleitamento materno. Doutro lado, outras precisam da sucção vazia após as mamadas, isso porque no momento que segue o aleitamento há um aumento do peristaltismo ou do reflexo gastrocólico- movimentos fisiológicos que são conhecidos como as famosas cólicas de recém-nascido. E aí surgem as situações de tensão familiar pela inquietude do bebê, o que fazer para acalmar?
É preciso acalmar!!! A sucção não nutritiva tem efeito semelhante ao que ocorre quando ele mama no peito da mãe, porque também o tranquiliza. Há trabalhos científicos que nomeiam as “chupetas” ou “bicos” de verdadeiros calmantes.
É necessário resgatar a segurança que o bebê tinha na barriga da mãe, respeitando as necessidades dele, não basta seguir apenas protocolos de forma engessada.
O bebê não precisa apenas de ser “nutrido” fisiologicamente. De fato, a sucção vazia, como o próprio nome já diz, não alimenta. É necessário utilizar todos os sentidos para identificar as necessidades do bebê, é preciso acalentar, é preciso cuidar afetivamente, conversar com o bebê e identificar pela escuta os choros e tipos de choros, por vezes ouvir o choro pacientemente. É importante criar um espaço que assegure à família um cuidado confortável e prazeroso, tanto para os pais quanto para o bebê.
http://bebeatual.com/criancas-chupetas_42
Após 25 anos de experiência no incentivo à prática do aleitamento materno,entendo que é preciso parar de proibir, é imprescindível olhar para as pessoas e ouvi-las. É essencial cuidar do ser humano na sua singularidade.

*Yara Maria Diniz Figueiredo é mestre em enfermagem e doula, proprietária da Clínica Amamente
Av. Minas Gerais, n700 sala108 - Centro - Governador Valadares - MG
Tel: (33) 32762625
https://www.facebook.com/clinica.amamente/

sábado, 16 de janeiro de 2016

Série BICO: Bico, o polêmico! - pediatra

Por: Dr. Augusto Barbosa - pediatra

http://babyesdores.blogspot.com.br/2010/07/chupar-bico-e-um-habito-prejudicial.html
Já na idade média, as mães descobriram que a sucção acalmava seus bebês. Inventaram então, o que se poderia chamar de bico. Era um pequeno saco de tecido preenchido com mel. Assim, enquanto sugavam, as mães poderiam se dedicar aos seus trabalhos domésticos com mais tranquilidade.
De lá até nossos tempos muita coisa mudou. Passou pela borracha, grande, macio, com suporte de alumínio ou plástico para evitar aspiração, chegando aos modernos de silicone, ortodônticos, com tamanhos variados para cada faixa etária.
Estando na fase oral do seu desenvolvimento, a criança tem prazer na sucção.  Gosta de sugar qualquer coisa que lhe for oferecido ou estiver ao seu alcance. O seio materno, os dedos, mamadeira, brinquedos e o BICO.
Aí começam as polêmicas. A Sociedade Brasileira de Pediatria, o Ministério da Saúde e os médicos e enfermeiras que trabalham com aleitamento  contra indicam o bico de maneira incontestável. Acham que haveria confusão no ato de sugar, provocando um desmame precoce, além de ser veículo para infecções. Ora, o grande objetivo destas entidades, desde os fins do século passado tem sido garantir, trabalhar e tirar obstáculos que impeçam a amamentação exclusiva até o sexto mês e se possível estendê-la aos três anos, quando o sistema imunitário da criança já estaria funcionando. Não restam dúvidas quanto às vantagens do aleitamento e uma das razões da diminuição da mortalidade infantil nos países mais pobres, como o nosso, deve-se ao sucesso desta proposta.
http://hojesaopaulo.com.br/noticia/bebes-amamentados-na-primeira-hora-de-vida-evitam-chupetas/2782
No entanto, a Sociedade Americana de Pediatria, com toda sua força inegável, recomenda o uso sistemático do bico. Não pelo prazer da criança, mas porque o seu uso estaria relacionado com a diminuição da Síndrome da Morte Subta do RN (recém-nascido).
As nossas instituições julgam que esta suspeita não é motivo suficiente para mudar de opinião e continuam desaconselhando ou até proibindo seu uso
Na área odontológica, o bico também é polêmico. Alguns são taxativos, contra indicando porque além da deformidade da arcada dentária, estariam relacionados com aparecimento de cáries (Já pensaram como era então, com a sacolinha de mel????). Outros dentista são mais maleáveis e aceitam o uso do bico até os dois anos, desde que a mãe tenha os cuidados de higiene oral orientados para cada idade.Tenho vários clientes filhos de dentistas e de médicos que usaram o nosso bico, julgando que acalmar o bebê chorão é mais importante do que qualquer contra indicação apresentada.
Não bastasse esta polêmica, outros profissionais da área de saúde entram na briga. Agora as terapeutas ocupacionais que trabalham muito com o desenvolvimento psicomotor da criança são categóricas quanto aos benefícios do bico
Sou especialista em pediatria há 35 anos. Não sou cientistas, sequer um pesquisador. No entanto, sou observador do comportamento das mães e das crianças durante todos estes anos. Creio ter o direito de participar desta polêmica.
No ultimo Congresso Brasileiro de Pediatria tivemos um debate a respeito do uso ou não do bico, com resultado  inconclusivo, ou seja,  todos dão opiniões próprias da sua experiência.
http://guiadobebe.uol.com.br/chupeta-usar-ou-nao-usar-eis-a-questao/
Assim, acredito que há crianças que têm uma necessidade maior de sugar e o bico é um grande auxiliar das mães que amamentam exclusivamente no peito. Nos intervalos das mamadas, a sucção do bico acalma o bebê enquanto a mãe descansa. Não desaconselho de maneira alguma o seu uso, pelo contrário, em alguns casos até estimulo. Obviamente, o faço com as devidas orientações sobre higiene oral e tempo de uso, que não deve exceder os 2 anos


Sei que alguns leitores podem ter diferentes opiniões e justificativas, mas nenhuma, acredito eu, será capaz de terminar com esta polêmica: bico, usar ou não?
*Augusto Barbosa, pediatra.
Consultório: rua Marechal Floriano, n°600 sala 101 - Centro - Governador Valadares/MG

Tel:33 32711572